Olá! Meu nome é Diva Paiva, sou professora de Yoga há quase trinta anos e terapeuta corporal. Responsável pelo Centro de Yoga Prema na cidade de Alfenas, sul de Minas Gerais. Ministrando Yoga diariamente para duas ou três turmas e cursos semestrais de Formação de Instrutores.
Dedico-me ao Yoga desde os vinte anos de idade, mas ainda na infância possuía uma relativa afinidades com essa cultura. Embora nascida em uma família católica e tradicional de Minas Gerais, tive a liberdade de viver os vários lados da religiosidade, tanto em casa como na escola. Do ateísmo ao catecismo; do espiritismo ao esoterismo. Foi na escola que tive minhas primeiras lições religiosas e me apaixonei pelas histórias dos santos e pela existência de Deus. Sem me dar conta, cresci sob princípios que fortaleceram, em mim, a espiritualidade.
Desde muito nova tinha fascínio pelas teorias sobre vida após a morte, reencarnação e sobre os assuntos relacionados ao domínio e conhecimento da mente. Como que atraída por um ímã eu seguia em direção a essa cultura oriental. Aos 10 anos declarei-me vegetariana, para surpresa de minha família, que nunca havia sequer considerado que alguém pudesse se distanciar da alimentação tradicional. Claro, não obtive permissão para o intento, tive que esperar mais alguns anos para realiza-lo.
Com vinte anos, ingressei em um Núcleo de Yoga, mais motivada por questões estéticas do que espirituais, pois, havia descoberto que as pessoas que faziam Yoga “para valer” eram magras e fortes, além do que a prática era a “maior moleza”, afinal, parecia uma atividade fácil, nem precisava suar, correr ou pular, nem mesmo fazer esforço… Essa era minha visão naquele momento.
Eu era um tipo intelectual, sedentária, minha vida girava em torno dos livros, escrever e discutir teorias, filosofias e pontos de vista. Além disso, fazia faculdade, que eu considerava um fardo necessário, cursava Engenharia Civil, mas vim a desistir antes de me formar.
Comecei, então, a frequentar o Yoga com dedicação e a perceber que havia muito mais além de um mero ganho estético. Em pouco tempo, obtive bons resultados físicos e, também, psíquicos. Dessa maneira, passei a devorar livros de Yoga, filosofia e história da Índia, cada vez mais dedicada à prática diária. Algumas coisas funcionavam, outras nem tanto. Comecei a frequentar cursos de formação, sempre no Brasil, para ver e ouvir de perto os autores dos livros que lia e, assim, tornei-me uma instrutora. Aos vinte e três anos fui convidada a assumir as aulas do Núcleo Párvati em Campinas, de minha querida mestra Margot. Mudei-me para lá e logo estava dando aulas também em várias cidades em torno.
Com o passar do tempo, novas gerações surgiam com anseios mais arrojados, mas o Yoga continuava o mesmo. A grande procura fez aparecer no “mercado” uma quantidade elevada de métodos de Yoga, para todos os gostos, mas principalmente com uma cara mais agressiva, métodos dinâmicos, com jeito de treinamento esportivo. Então, resolvi me adaptar, aprendi um desses métodos e ensinei por algum tempo, até que os alunos começaram a trazer respostas negativas e efeitos colaterais indesejáveis. Eu mesma havia adotado para a minha prática esse dinamismo, mas não fui muito longe, pelos mesmos motivos. Tivemos ótimos resultados em número de alunos, porém, não podia continuar até descobrir uma saída. A crescente problemática de um nervo pinçado aqui e um tendão inflamado ali. E o que dizer de sistema nervoso desequilibrado?
As decepções podem ser muito férteis do ponto de vista de quem as supera. Foi a partir daí que comecei a investigar o que havia de errado com as interpretações modernas do Hatha Yoga. Fui lapidando minhas aulas, partindo da necessidade de quem procura Yoga, que normalmente deseja calma, autocontrole, mente clara, bem-estar, esbeltes e beleza. Nesse momento tive a sorte de conhecer o trabalho de um famoso fisioterapeuta, que me ajudou a elucidar quais eram os movimentos incorretos e os pontos fracos da execução de diversos ásanas. Auxiliou-me na elaboração e nas correções de diversas posturas chaves, visando à individualidade dos praticantes. Ele tem sido categórico em afirmar que muitos ásanas que estão sendo utilizados por quase todo o mundo, possui elementos equivocados em sua execução.
Coincidindo com tais pontos de vista, tive a felicidade de perceber uma tomada de posição semelhante por muitos professores renomados da atualidade. Isso me manteve ainda mais segura com o novo enfoque. Dessa maneira meu trabalho com Yoga se transformou em uma prática focada principalmente em concentração psíquica e segurança das técnicas corporais, sempre seguindo o padrão do Yoga tradicional.
Não professo um Yoga espiritual ou físico, porque sei que somos do tamanho de nossa compreensão e cada um tem sua forma de sentir e seu momento de crescer. No Hatha Yoga a execução das técnicas de domínio físico resulta em profunda percepção do Ser espiritual, dependendo muito, claro, de quem faz e de quem conduz a prática.
Sou muito grata por existir o Yoga no mundo, sei que não é o único caminho de salvação do sofrimento íntimo, embora seja o que eu mais aprecio.
Diva Vieira de Paiva
1985 – Iniciei formação em Svásthya Yoga – Rio de Janeiro/Campinas – Linha a qual me dediquei até o ano 2000.
2000 – Formação em Sivananda Yoga -Belo Horizonte.
2008 – Formação com Pedro Kupfer – Santa Catarina.